Erica Kim era uma garota rica e mimada de uma família budista. Agora sua vida é de doação às pessoas em pobreza desesperadora.
Como uma garota budista criada em Nova York cresceu e se tornou a força de um dos ministérios cristãos mais dinâmicos da Ásia? Apenas através da Graça de Deus.
Os pais de Erica Kim aguardavam a chegada de sua primeira filha, em 1963, quando emigraram do Japão. Seu pai era médico, mas seu diploma não era aceito nos Estados Unidos, por isso ele precisou retornar à Universidade de Medicina. A família optou por morar em Nova York, onde viviam com dificuldade, lutando para suprir suas necessidades básicas. Através do trabalho árduo e determinação do pai de Erica, Dr. Hiromi Shinya, tudo isto mudou. Ele inventou um aparelho hoje utilizado em endoscopias em todo o mundo e tornou-se um famoso e bem-sucedido médico.
A vida mudou drasticamente para a família Shinya. “Saímos de um pequeno apartamento onde não tínhamos dinheiro nem para o leite e de repente fomos morar em uma casa de 10 mil metros quadrados com piscina e quadra de tênis. Meu primeiro carro foi um BMW”, relata Erica. Mas o sucesso financeiro não preenchia a necessidade mais profunda na vida de Erica: “Me sentia vazia. Eu tinha tudo e ao mesmo tempo não tinha nada”.
Tocada pela Graça
Na faculdade, Erica aceitou o convite de uma amiga para visitar um grupo cristão de estudos bíblicos, o lugar mais estranho para uma garota budista. “Vim de uma família budista e devotada, na realidade, meu tio-avô era uma pessoa-chave dentro do budismo.”
Ela se lembra muito bem de quão profundamente o cristianismo a tocou: “Fiquei emocionada com o amor e o perdão de Jesus. O budismo me ensinava que eu devia fazer o certo, fazer as coisas por obrigação, por tradição. Mas não havia mudança no coração. Quando aprendi sobre Jesus, reconheci que minha vida precisava desta mudança também.”
A família de Erica, obviamente, não ficou nada feliz: “Quando me tornei cristã, meu pai ficou chocado e minha mãe foi completamente contra. Eles tiravam meu carro para que eu não pudesse ir à igreja. Os domingos eram nossos dias em família, e minha conversão interrompeu tudo isto”, relata Erica.
Conforme o tempo passava, no entanto, os pais de Erica começaram a perceber mudanças positivas no comportamento da filha: “Mamãe e papai perceberam que meu espírito revoltado tornou-se um espírito de obediência, meu egoísmo tornou-se serviço na casa e meu orgulho tornou-se humildade quando cometia erros, pois antes da conversão eu nunca pedia desculpas por algo que fazia de errado”, disse Erica.
A família Shinya não podia argumentar com a evidente transformação de Erica, e acabaram aceitando sua decisão de deixar a fé tradicional da família.
Na igreja, Shinya conheceu um lindo rapaz coreano chamado Frank Kim, com quem iria se casar. Estudante em Harvard, Frank tinha planos de trabalhar no mundo dos negócios. Mas, pouco depois de sua formatura, decidiu tornar-se pastor.
Os dois se casaram e foram trabalhar no ministério, na França, onde sua primeira filha nasceu. Mas foi a mudança em 1988 para Tóquio que impactou radicalmente suas vidas. Quando um pastor-missionário retornou para os Estados Unidos, a família Kim ficou responsável por uma congregação que havia sido fundada após a Segunda Guerra Mundial. A partir daquela congregação, o ministério da família Kim se expandiu pela Ásia.
“A pobreza nos mobilizou. Pessoas vivendo em aterros, construindo suas casas a partir do lixo. Sem nenhum saneamento”, disse Erica. Mas as pessoas a quem ministravam expressavam gratidão pela ajuda recebida: “Eles nos abraçavam e agradeciam pelas escovas de dente e os sabonetes doados. Quando você vê pessoas nesta situação, você fica emocionado, fica com lágrimas nos olhos.”
Esperança aos que precisam
Em 1991, a paixão da família Kim por missões mundiais os levou a fundar a HOPE Worldwide, uma organização internacional que ministra aos pobres e necessitados. Ao final dos anos 1990, eles dirigiam projetos por todo o Sudoeste da Ásia.
Um dos desafios que Erica tomou para si foi estabelecer um centro de reabilitação de prostitutas na Tailândia, onde uma escola técnica foi montada para que meninas que quisessem mudar de vida aprendessem uma profissão. Apesar da conversão das moças não ser o objetivo principal do centro de reabilitação, a família Kim se alegra porque muitas das jovens conheceram Jesus neste lugar. Erica também sujou suas mãos ao trabalhar com os pobres nas Filipinas. O depósito de lixo “Smokey Mountain”, em Manila, foi transformado pelo governo em uma casa provisória e Erica ajudou a alimentar e a vestir pessoas nesta área onde residem homens, mulheres e crianças desnutridos, que antigamente procuravam comida no lixo para se alimentar.
Outros projetos do ministério incluem levar a Palavra de Deus a nações como o Vietnã, onde foi necessário o estabelecimento de igrejas que se escondem. As pessoas neste local “não podem orar nem cantar abertamente. A polícia secreta já descobriu diversas de nossas igrejas e levou toda a nossa documentação”, disse Erica. A Bíblia é levada para estes lugares não como um livro, e sim no formato de páginas copiadas ou em chip. “Quem tem uma Bíblia inteira, completa, tem um tesouro”, afirma Erica.
A situação em outros países é igualmente difícil: “Em um dos países comunistas na Ásia existem células, ou seja, pequenos grupos de cristãos. Os comunistas têm medo destas células, pois sabem que foi assim que o comunismo começou. Eles têm medo de que seus ideais políticos sejam espalhados através da religião. Então, esses grupos se encontram secretamente, mudando de lugar a cada semana”, explicou.
No Camboja, Erica e Frank trabalharam diligentemente nos bastidores para construir o Sihanouk Hospital, que oferece assistência médica de primeiro mundo para esta empobrecida nação subdesenvolvida. Aberto desde 1996, a equipe do hospital consiste em médicos, enfermeiras e profissionais de saúde de todas as partes do mundo que se atuam como voluntárias por meses ou anos.
O hospital serve a 350 pessoas diariamente. “As pessoas trazem seus familiares de qualquer maneira, às vezes empurrando-os em carrinhos ou em qualquer outro objeto que encontrem para trazê-los ao hospital. Dormem do lado de fora e esperam que alguém os atenda”, diz Erica. O atendimento médico é gratuito, o que é uma bênção, uma vez que os médicos no Camboja ganham menos de 1 dólar por dia. Na última década, mais de 800 mil pacientes foram tratados neste hospital.
Ainda em missão
Apesar da alegria de Erica em permanecer na Ásia trabalhando como as mãos de Cristo, sua saúde não cooperou. Foi diagnosticada com lúpus no início dos anos 1990, e após um longo período de remissão, a doença reapareceu com força alguns anos depois. Naquele momento, já era mãe de três filhas: “Eu disse para Frank que temia que este período não tivesse um final feliz.”
O casal mudou-se para os Estados Unidos em 2003 e estabeleceu residência no Colorado, onde Frank passou a trabalhar com sua família, ao mesmo tempo em que assumiu o cargo de vice-presidente da HOPE Worldwide. A condição crônica de Erica, com lúpus, causa cansaço, perda de apetite, dores de cabeça, e fez com que ela se desligasse da liderança da organização. Mas uma dieta saudável e muito repouso a ajuda a reduzir as dores. Ela continua a ministrar através da escrita e freqüentes viagens à Ásia.
Apesar da dor, Erica diz que não trocaria sua jornada por nada: “O chamado inesperado de Deus para minha vida me deu a oportunidade de impactar muitas vidas para Cristo. Apesar de não poder viver mais na Ásia, sei que Deus continua a me usar lá”, ela relata .
Erica encoraja os cristãos que orem para que Deus abra as portas em países como a Coréia do Norte, para que o cristianismo floresça. Ela diz que se as pessoas destes países tiverem a oportunidade, terão a experiência que ela teve: uma completa e eterna mudança de coração, cheia da Graça de Deus.
Claudia McAdam é escritora e reside em Highlands Ranch, no Colorado, Estados Unidos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário