quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

UM PARAISO DE DOR E LÁGRIMAS



O Estado de Santa Catarina tem passado pela maior tragédia dos últimos tempos com fortes chuvas, enchentes e desabamentos.

A declaração de um morador, pode resumir a tragédia em Santa Catarina: “Até sexta-feira vivíamos em um paraíso, agora é só lama, dor e lágrimas”, foi o desabafo de um senhor, morador do município de Blumenau.

O período de fortes chuvas começou no início de Outubro, se arrastando, inclusive pelo período da popular festa do Estado, a October Fest, ocorrida em Blumenau e famosa por atrair um grande número de turistas. Neste ano, porém, a festa ocorreu debaixo de muita chuva e o turismo foi bastante prejudicado.

Mas essa estava longe de ser a pior notícia. Na sexta-feira, dia 21 de Novembro, as chuvas começaram a engrossar de vez, transformando-se em um verdadeiro temporal. O ápice foi no sábado, dia 22, quando começaram as enchentes e os desabamentos, mas a chuva se arrastou até a terça-feira, dia 25, sem intervalos, somente agravando cada vez mais a situação.

Desde a enchente ocorrida em 1983, Santa Catarina não passava por um desastre tão grande. Mas, sem dúvida, este está sendo o pior já registrado em sua história. A cidade de Blumenau, cercada por morros, onde se encontram milhares de moradias, é a mais atingida do Estado. O rio da cidade chegou a atingir uma altura de 12 metros durante a enchente no domingo, dia 23.

“Desde sábado, vemos morros desabar, pessoas soterradas e morrendo, perdendo tudo o que tinham. É cada coisa que vi que não dá nem pra acreditar. Histórias muito tristes”, afirma Hilton Delgado dos Santos, morador de Blumenau.

Oficialmente, já são mais de 101 mortos. Pelo menos 36 pessoas estão desaparecidas e as equipes de resgate trabalham incessantemente para retirar famílias das áreas de risco e remover as vítimas de lugares isolados pelas águas e pela lama.

Para Hilton, no entanto, a imprensa não divulga nem metade da real situação. “O número de mortos é muito maior do que você ouve na televisão, a situação é muito mais urgente do que a mostrada”, fala com tristeza o morador.

O estado de Blumenau, assim como o de diversas outras cidades do Estado, é de calamidade pública. “O cenário mudou completamente. A bela cidade desapareceu. Agora está tudo destruído, coberto de lodo. Desde sábado estamos sem água potável. Estamos usando a água da chuva”.

Além da falta de água, muitos moradores estão sem luz e a comida é escassa. “Comemos o que temos no estoque, só alguns mercados estão funcionando, mesmo assim o acesso é difícil, é preciso um trator para retirar a lama da entrada”, explica Hilton. “Para piorar, muitos estabelecimentos e casas estão sendo saqueados por aqueles que querem se aproveitar da situação”, completa o morador. “É muita coisa errada e triste que vemos, tem muita gente que fica tirando foto do desastre ao invés de ajudar a pessoa que está ali naquela situação”, afirma.

Quando questionado sobre o motivo da tragédia, Hilton expõe: “É questão da natureza, não tem como explicar. Podíamos até falar que era problema das casas pobres nos morros, mas o desastre atingiu a todos, pegou muita gente rica também”.

Hilton conta muitas histórias que presenciou. Como a de uma senhora ficou com o marido morto dentro de casa durante dias porque o local estava completamente inacessível para que fosse feita a retirada o corpo. “Depois o corpo já estava começando a entrar em decomposição e ela o enrolou em uma lona e colocou no quintal. Muitas pessoas passaram pela mesma situação e tiveram que ficar com os defuntos de seus familiares dentro de casa”, explica.

Muito emocionado Hilton também relatou a história de um conhecido que chegou do trabalho e não encontrou mais sua casa. “Ele voltou e não tinha mais nada, tudo tinha desabado. Ele ouvia os gritos de sua filha e mulher que estavam soterradas e tentava encontrá-las, mas depois veio outro desabamento e ele já não conseguia ouvir mais nada. Perdeu tudo de uma hora para outra”, conta.

Como ajudar – O que consola corações como o do amigo de Hilton é que, apesar de toda a tragédia e tristeza, sempre existem pessoas dispostas a ajudar. Em todo o país pessoas são tocadas a contribuir com doações de roupas, alimentos, água e também em dinheiro. O acesso as áreas atingidas ainda é muito difícil, mas helicópteros e camburões militares já estão conseguindo chegar até os locais.

A Prefeitura de Santos, por exemplo, iniciou uma campanha para arrecadação de água potável para as vítimas das chuvas. Em uma iniciativa do Governo do Estado de São Paulo, os quartéis da Polícia Militar e as unidades do Corpo de Bombeiros de toda a Baixada Santista estão recebendo doações de água potável.

Para quem também quiser ajudar, a Defesa Civil de Santa Catarina divulgou o número de contas correntes para receber as doações de ajuda aos desabrigados. Os interessados em contribuir podem depositar qualquer quantia nas contas:

Banco do Brasil: Agência 3582-3, Conta Corrente 80.000-7
Besc: Agência 068-0, Conta Corrente 80.000-0.
Bradesco: Agência 0348-4, Conta Corrente 160.000-1.
O nome da pessoa jurídica é Fundo Estadual da Defesa Civil, CNPJ - 04.426.883/0001-57.

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